O que faz brilhar nossos olhos?
Trabalhando com promotores, percebo que muitos enfrentam desafios para manter o ardor missionário diante da falta de apoio e recursos. Frequentemente, chegam até nós buscando um método milagroso ou uma estratégia infalível. No entanto, o segredo para a realização da obra de Deus não está em métodos, mas em um relacionamento profundo com Ele.
Calvino afirmou que “o coração humano é uma fábrica de ídolos”. Ídolos são tudo aquilo que ocupa o lugar de Deus em nossos corações, drenando nossa energia, recursos e tempo. Até mesmo a obra missionária pode se tornar um ídolo se nos dedicarmos mais a ela do que ao nosso relacionamento com Deus. A palavra “entusiasmo” vem do grego enthousiasmós, que significa “ter um deus dentro de si”. É aquilo que faz brilhar os nossos olhos! Assim, devemos refletir: será que a paixão pela obra tem enchido nosso coração mais do que a presença de Deus?
Henry Blackaby, em Conhecendo Deus e Fazendo Sua Vontade, ressalta que o método nunca é a chave. Cada igreja é única, e devemos buscar em Deus a direção para agir. Quando nos fixamos em estratégias humanas, corremos o risco de esquecer a dependência de Deus.
O ardor missionário é o fogo que Deus acende em nossos corações. Ele nos move, nos enche de paixão e nos impulsiona à ação. É o ponto inicial de uma caminhada cristã mais profunda. No entanto, o ardor, por si só, não é suficiente para sustentar o ministério. Sem a unção, pode nos levar a depender do esforço humano, resultando em cansaço, desânimo e questionamentos sobre a vocação.
A unção, por outro lado, é a capacitação divina. É fruto de um relacionamento íntimo com Deus e da plenitude do Espírito Santo. Diferente do ardor, a unção gera frutos duradouros, pois não depende de emoções ou recursos humanos. É Deus quem realiza a obra por meio de nós.
Embora diferentes, ardor e unção não são opostos. O ardor inspira a ação, mas a unção sustenta o propósito. Um coração cheio de ardor é um terreno fértil para que a unção flua. Mas é a unção que gera impacto eterno.
Querido promotor, lembre-se de que a unção vem do seu tempo a sós com Deus, do seu quarto secreto. Como disse Rosalee Appleby:
“A unção é o revestimento divino. Ela penetra, transforma e sustenta. Não é fruto de talentos ou sabedoria humana, mas um dom de Deus, dado aos que buscam com oração, recolhimento e submissão. É a energia celestial capaz de quebrar correntes e conquistar corações para Cristo.”
O ardor é importante e impressionante, mas a unção é essencial. Busque ambos, mas nunca negligencie a fonte. A obra de Deus é sustentada por Ele, e é na unção que encontramos força, propósito e resultados que glorificam ao Senhor!
Silvana dos S. P. Martines