Em abril de 2025, foi lançada a exposição Todos os Povos, um tributo à obra de evangelização indígena no Brasil. Essa exposição destaca a rica história missionária entre os povos originários, homenageando os pioneiros que dedicaram suas vidas a levar o Evangelho às comunidades indígenas.
Desde sua fundação, em 1907, Missões Nacionais tem desempenhado um papel crucial na evangelização dos povos indígenas no Brasil. Nos primeiros anos, os esforços ficaram concentrados nas regiões remotas do país. Em 1910, a Convenção Batista Brasileira propôs o envio de missionários ao Espírito Santo, e, cinco anos depois, o apelo missionário se voltou ao Ceará, onde os indígenas foram chamados de “verdadeiros brasileiros”, pelo então Diretor-Executivo de Missões Nacionais, F. M. Edwards.
Os esforços cresceram e, em 1918, a missão se concentrou nos vales do Tocantins e Araguaia, em Goiás. Em 1921, em um artigo para O Jornal Batista, Salomão Ginsburg defendeu a evangelização indígena como forma de libertação dos povos originários da opressão religiosa predominante. O impacto missionário aumentou com a atuação de Benedito Odilon Profeta na Ilha do Bananal (TO), levando Missões Nacionais a intensificar seus trabalhos entre os indígenas a partir de 1924.
Em 1925, Manoel Gomes dos Santos foi designado como o primeiro missionário efetivo entre os indígenas do Rio Madeira. Já em 1926, o casal Zacarias e Noemi Campêlo iniciou uma jornada entre os Craôs, com apenas 14 dias após o casamento. A trajetória de Zacarias foi marcada por perdas significativas, incluindo o falecimento de Noemi em 1928 e depois de sua segunda esposa, Orfisa Batista. Apesar das adversidades, ele permaneceu firme em seu propósito.
Nas décadas de 1930 e 1940, Francisco Colares e Edith Bieri também se destacaram na missão, convictos da importância do ministério entre os indígenas. Mesmo após a morte de seu esposo, Edith cumpriu a promessa. Em 1958, o casal Guenther e Wanda Krieger iniciou o trabalho entre os Xerentes, destacando-se na tradução da Bíblia e na criação de materiais didáticos para as comunidades.
A expansão missionária ganhou novo impulso em 1977, quando a Convenção Batista Brasileira aprovou uma filosofia missionária com 14 focos de evangelização, incluindo tribos indígenas. Em 1984, Missões Nacionais estabeleceu o objetivo de alcançar uma nova tribo a cada ano, ampliando sua atuação entre os Kaingangs, Xerentes, Mundurukus e Funios. Nos anos seguintes, missionários como Guenther Krieger, Edith Bieri e Rinaldo de Mattos continuaram esse trabalho, promovendo a evangelização e a valorização cultural dos povos originários.
Em 1994, Guenther Krieger concluiu o Dicionário Xerente-Português e Português-Xerente, devidamente registrado na Fundação Biblioteca Nacional, aguardando oportunidade para publicação, enquanto Wanda Krieger confeccionou um hinário com 23 hinos em Xerente e alguns em Português.
Nos anos 2000, a obra continuou avançando e novas conquistas fortaleceram a missão indígena, para a glória de Deus. Em 2007, houve a tradução do Novo Testamento para a língua Xerente. Em 2021, Eli Leão Catachunga, da etnia Ticuna, tornou-se o primeiro pastor batista indígena a obter um título de mestre em Educação, reforçando a importância da formação teológica e acadêmica para líderes indígenas. Em 2024, foi realizada a publicação de porções do Pentateuco na língua Xerente, concluindo o ministério do casal Guenther e Wanda Krieger, que continua por meio do casal Werner e Regiane Seitz, principalmente com o projeto de tradução da Bíblia.
A história da evangelização indígena no Brasil é marcada por desafios, dedicação e conquistas. Localizada na sede de Missões Nacionais, na Tijuca, no Rio de Janeiro, a exposição Todos os Povos celebra esse chamado bíblico de alcançar todas as nações, línguas e tribos, destacando histórias de fé, perseverança e transformação que marcam a trajetória missionária entre os indígenas no Brasil. Venha se inspirar com essa história que reflete o amor de Deus por todos os povos e culturas!
Texto: Mellina Tonon
Redação de Missões Nacionais